Antioxidantes são moléculas que impedem reações de oxidação no corpo, que produzem radicais livres, danificam as células e aceleram o envelhecimento.
O chá verde ficou famoso por suas propriedades antioxidantes. Mas pesquisadores da USP descobriram uma alternativa ainda mais potente (e brasileiríssima) para combater os radicais livres: o pó de guaraná.
A fruta amazônica – não o refrigerante – é famosa no mundo por ser um estimulante, rico em cafeína. Mas o estudo científico sobre seu potencial antioxidante é inédito.
O experimento, destaque no periódico Food & Function, mostrou que seu efeito no corpo foi maior que o do chá verde, do chocolate meio-amargo e das bebidas baseadas em cacau.
Para participar da pesquisa, foram recrutados voluntários com sobrepeso, de 20 a 65 anos. Nos primeiros 15 dias do estudo, eles passaram por exames para entender como o corpo deles funcionava normalmente.
Depois, por mais 15 dias, os participantes beberam, em jejum, 3g de pó de guaraná diluído em 300 ml de água. Os cientistas analisaram primeiro como as catequinas, os principais antioxidantes do guaraná, são absorvidas no corpo. Isso porque não adianta nada comer alimentos ricos em antioxidantes se eles forem perdidos na digestão. Para reparar os tecidos e manter as células saudáveis, a molécula precisa chegar no sangue.
Uma hora depois de ingerir pó de guaraná, a concentração de catequinas no sangue dos pacientes subia para 600 nanomols. Isso é três vezes mais do que o necessário para que o corpo comece aproveitar os benefícios antioxidantes do corpo. O nível de estresse oxidativo – processo que leva a morte das células – também caiu ao longo do período em que os participantes usaram o suplemento de guaraná.
Os pesquisadores observaram ainda um efeito protetor sobre moléculas de DNA e de LDL, o famoso colesterol ruim. As moléculas de LDL, quando oxidadas, aumentam o risco de problemas no coração, mas ficaram mais resistentes à oxidação durante a terapia intensiva de guaraná.
Os cientistas acreditam que o guaraná também acelera o poder detoxificante natural do corpo. Mesmo depois que o efeito imediato da fruta terminou, o corpo dos participantes continuou produzindo, sozinho, mais substâncias antioxidantes.
O estudo também comparou o efeito do guaraná com o de outros alimentos. Para doses de 50 mg, a concentração de catequinas foi de, pelo menos, 310 nanomols. É mais que o chá verde, que, na mesma dose, fornece a partir de 125 nanomols de antioxidante. O chocolate meio-amargo ficava em torno dos 190 nanomols.
O próximo passo dos pesquisadores é ampliar o número de participantes nos estudos sobre guaraná, mas a frutinha já começou a encontrar seu espaço no ranking dos tão populares “alimentos detox”.
Fonte: Exame